A data de fundação de Glaucilândia tem duas marcas: distrito em 1962, cidade em 1996, quatro anos antes de terminar o Século XX com o famoso e até temerosamente aguardado ano dois mil, quando para os antigos seria o fim de mundo, profecia que ouvi em minha juventude quase todos os dias. Passou o século, passaram-se os costumes, e continuamos inteirinhos, vivendo com novas perspectivas, mais no virtual do que no terra a terra. Mais de telas de computadores e de celulares, mais de tábletes e aipodes, mais de leptopes, muito menos de paisagens. E é para falar de paisagem que eu queria chegar, para dizer sobre a origem da palavra Glaucilândia, que no meu entendimento, vem de um hibridismo, misto de linguística e semântica, com etimologia grega e germânica, praticamente dois radicais, sendo glauci a cor verde e lândia o significado terra, muito comum em regiões ou cidades com nomes ingleses: Maryland, Queensland, Auckland, Disneyland; e com base neles as nossas cidades Uberlândia, Açailândia, Retirolândia, Glaucilândia. Existe uma hipótese que pode até ser considerada, mais como curiosidade: os bandeirantes passaram pelas primitivas estradas e eram laçados por cipós amarra vaqueiro chamados glauci, em meio das montanhas e boqueirões (land).
Os municípios limítrofes são Juramento, Montes Claros e Bocaiúva. A vizinhança é composta das cidades amigas de São João da Ponte, Capitão Enéas, Francisco Sá, Juramento, Bocaiuva, Engenheiro Navarro, Claro dos Poções, São João da Lagoa, Coração de Jesus, Mirabela e Patis, pertinho de Montes Claros, 422 quilômetros de Belo Horizonte, um pulinho para a cidade de Juramento, de onde foi desdobrada. O nome anterior de Glaucilândia era Juramento Novo, antigo título da sua estação da estrada de ferro, construída por um homem elevadamente culto, o engenheiro Demóstenes Rockert, construtor da linha férrea até Monte Azul, fundador da cidade de Janaúba e prefeito de Montes Claros em 1947. Glaucilândia é amada e querida, muito admirada pelos seus filhos e pelos visitantes, por toda a gente que a conhece. Vive e viverá um momento importantíssimo com o lançamento deste livro, do historiador Dário Teixeira Cotrim, autor de mais de quarenta títulos já publicados, vinte e tantos já prontos para edição, os últimos sobre Itacambira, Virgem da Lapa, Bocaiuva, Juramento, além dos muitos sobre municípios e cidades baianas. Tenho certeza de que Breves notas históricas do município de Glaucilândia será mais um sucesso do autor, um momento importantíssimo para o glaucilandenses de nascimento e de coração, assim como para o prefeito Geraldo Martins de Freitas, um entusiasta do progresso.
Importante destacar que a história de Glaucilândia começa pelos idos de 1760, território ainda habitado pelos índios anais e tapuias, expedições bandeirantes de Espinosa Navarro, Fernão Dias Pais, Antônio Gonçalves Figueira e Matias Cardoso de Almeida, todos buscando riquezas, o mais importante Fernão Dias, sonhador das esmeraldas da Serra Resplandecente. Pelo alvará de 12 de abril de 1707, Gonçalves Figueira, fundador do nosso Arraial das Formigas, já se tornava possuidor de uma sesmaria de uma légua de largura por três de comprimento, solo fértil da Fazenda Montes Claros, considerando-se ainda as as cabeceiras do Rio Verde Grande, áreas de grande extensão. Em todos os momentos, da origem até hoje, a região foi destaque pela elevada qualidade das suas terras, acredito as melhores da América do Sul, que fazem paralelo com o valor de algumas planícies do Paraguai. Tudo motivo de orgulho e sentimento de grandeza.
Levem-se em conta muitos momentos históricos de Glaucilândia: o recebimento do o prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da Emater e do governo federal; o Segundo Encontro das Mulheres, o trabalho do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, a participação na IV Conferência Municipal dos Direitos da Criança, as Olimpíadas, a Feira Livre do Município de Glaucilândia, o Encontro de Casais com Cristo, as cavalgadas, a folia de reis, as alegrias dos encontros religiosos com crismas, canjica, quentão, pipoca e forró. Outros motivos a serem considerados: a inventividade de Zé das Medalhas, que voltando para a roça, com sua família, investiu na sua pequena propriedade, pouco mais de quatro hectares e uma casinha. Foram adquiridas duas vacas para iniciar o negócio. Agora, ele tira leite em 10 vacas e tem 27 cabeças de gado, segundo ele, em doze anos. O segredo – explica - é trabalhar unido com a família: a esposa Anizan, os filhos Aniele e Alex. Tudo um sucesso! Muito importante destacar também as atividades da paróquia e da turma da Polícia Militar, crianças e adolescentes tirando o máximo de proveito nos conhecimentos, nas habilidades e nas atitudes. Muito louvor para o Codema e para a Emater.
Minha palavra final é para destacar o alto conceito que tenho de um notável glaucilandense, que foi o meu amigo e irmão João Nunes Maia (1923-1991, líder espírita com atuação em psicofonia, clarividência e bicorporeidade, conferencista e psicógrafo de 62 livros do mais elevado valor doutrinário e de ética religiosa, trabalho em Belo Horizonte e em toda Minas Gerais, criador da instituição Sociedade Espírita Maria Nunes. Entre os livros de João Nunes, vale destacar Maria de Nazaré, acredito a melhor biografia da mãe de Jesus, Francisco de Assis, Luscilações para a vida, Máximas de Luz e Cristo em nós. Longo caminhar, maravilhoso serviço de caridade, final gratificante e feliz. Outro nome glaucilandenses para mim generosamente importante é o da minha amiga Lili Penido, que nasceu numa bonita fazenda de Glaucilândia, a Cidade Sorriso.
No mais, o meu fraterno abraço ao povo de Glaucilândia e ao amigo e confrade dr. Dário Teixeira Cotrim, nosso ilustríssimo historiador, escritor e poeta.